SANIDADE
sanidade não é verbo
é clave,
o cavalo que tropeça
rolando nos meus olhos
quando me ausento,
prova que não há instante,
presente o abismo
desafeito ao amor
sou menos intenso
que o macaco,
inerte como um aristocrata
que sabe: o crime
é a guarda do palácio
da burguesia
aonde eu quis a princesa
e ganhei o anel
do olho que tudo chora,
e não tive o amor
quando a bruxa cantou
no telhado
o acalanto que reduz
meu sangue a areia
quando encontro em você
a fêmea edênica,
apenas o descalabro
justifica a irrelevância
que há em mim
na desventura sinistra
que é viver