”Almor”

(Estes versos,
Ernest Hemingway e Camille Simeone mos inspiraram)

 
Oscularam-se da manhã à tarde,
amaram-se da noite ao primeiro alvor,
tornaram sagrado este encontro,
este santiâmen.

 
Depois fartos de tanto amar,
feitos menino e menina,

caminharam lado a lado,
de mãos dadas,
e lembraram do tempo de criança,
tempo em que não se conheciam,
mas se procuravam.
Andaram pelas ruas da cidade,
ruas que levam a tudo,
que levam ao mar.

Ora andavam, ora levitavam.
Afeto louvável,
querença inviolável,
inefável amor.
Em seus sorrisos havia sentimentalidade,
sentimentalidade contagiante,
sentimentalidade edificante.
Envolvia-os uma aura, um ardor,
aura que pregoa deles a felicidade.
 
Aura que pregoa o querer bem a outrem.
Aura brilhante, multicolor
em brado silente e sem alarde.
 
E adveio nova alvorada,
e oscularam-se da manhã à tarde,
e amaram-se da noite ao outro alvor.
Inefável “almor”.
Assim vivem hoje
sem carecer de mais nada.

 

 

Esses vocábulos foram amanhados por Escreverati:

almor
) [do português alma + amor]
Substantivo masculino.
1. Sentimento sublime e espontâneo que advém do encontro de duas almas que se procuravam pelo tempo e espaço, sem que entretanto tivessem noção dessa procura.
2. Momento desse encontro.
3. Quando duas almas se reencontram e nelas afloram afeto e amor mútuos.
 
almar
[do português alma + amar]
Verbo transitivo direto.
1. Ter almor a; dedicar atenção e afeição à alma de outrem.
2. Encontrar a alma que se procurava.
 
   Agradeço com apreço e devoção aos meus inspiradores: Ernest Hemingway e Camille Simeone.

   Para essa poesia fiz um áudio, vestindo-a com a música "POEMA", letra escrita por Cazuza aos 15 anos de idade, provavelmente no dia da morte de sua avó, e encontrada por sua mãe Lucinha Araújo após a sua partida. Lucinha entregou o poema para o Ney Matogrosso. Ney por sua vez pediu ao Frejat para o musicar, nascendo assim um primor de canção em versos e melodia.
   Minhas Reverências ao Cazuza, Lucinha, Ney e Frejat.


(imagens obtidas da internet)