Amor Vampiro

De um pranto seco salgado a face

de um totem no pesadelo esquecido

revi você nua entre as quimeras

e te recolhi ao ventre do meu abrigo

e você sorriu e bebeu do meu sangue;

oh vampira, beba também de minh’alma

e mate sua sede de eternidade

e no beijo sinta o gosto da minha idade.

De um canto seco e agudo do vento

que se fez audível pelos ecos e oceanos

te recolhi na última nota dissonante

e você fez guarida em minhas pupilas

e adormeceu tranquila até o alvorecer

e bebeu da minha seiva luminosa no despertar;

oh vampira, beba também meu espírito

e sacie essa vontade de viver liberta.

De um leito seco um rio escasso

que trilhou sendas até morrer

então ressuscitei-te e acolhi-te

entre meus braços que não tem fim

e você floriu as flores mais secretas

e nos caules bebeu do cálice de mim;

oh vampira, alimente-se da minha essência

e transmute-se no festim dos elementais.

No pranto seco salgado a face

o gosto da recordação do seu olhar

e na brisa que soprava do leste

alguns vestígios da sua olência;

então eu me perdi na nostalgia

e você partiu e levou minh’alma;

oh vampira, você roubou meu espírito

e meu último sonho te deu asas

e você voou para bem longe das estrelas

mas, ainda aguardo seu retorno

pois, guardei no meu peito junto ao meu

o seu miserável e dócil coração.

Jonas R Sanches
Enviado por Jonas R Sanches em 25/05/2013
Código do texto: T4308587
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.