O Bilhete da Gaveta
Que mais eu poderia lhe dizer
Que a amo assustadoramente?
Que as noites sem você é um ringir de dentes?
Que não tenho paz no meu trabalho?
Que não vejo mais ninguém que interesse?
Que a minha vida hoje é um estresse?
Não, sua derretedora de corações desavisados!
Negarei-lhe mais essa satisfação!
De alguém de bom senso
Mais cedo ou mais tarde
Você haveria de ouvir um sonoro, não!
E será minha esta satisfação!
Ainda que me encolha inteiro
Após proferir essa sentença!
Ainda que me cerque de palavras imensas
Para que possa exprimir o fatídico monossílabo
Mesmo que encharque os olhos
Que fique à beira de um ataque de nervos
Que gere discussões com meu inconsciente
Que me descontrole fácil
Que me desconcentre
Que trave uma batalha contra as recaídas do meu pensar
Prefiro o sarcasmo conseguido a lobby
Com todos os meus sentidos agindo como podem
Num exercício de ator de invejar a Brodway
Chorando por dentro com o peito partido
Reunindo forças além do possível
A ver sua surpresa me desconsertar
Ventos do norte hão de me arejar
O passar do tempo irá confirmar que sobrevivo
Sem você...
Sem amar...