Caminhada de fuga
Perdi o teu sapato no meu pé,
que coisa!
Tua boca fugidia
não me sai dos olhos...,
lugar que, como lança, acerta o teu sorriso
indo embora!
Fugas há que me chegam tantas
e nenhuma delas fica,
e nenhuma delas vai,
e as perdas não as registro,
porque o coração sempre as traz de volta
como se fossem respostas
a tudo o que não sai.
Agora perdi o meu pé
dentro do teu sapato.
Estou feliz, cansado...
mas por essa vereda onde andamos
levar-me-ás, eu sei,
para não mais voltar pra mim,
sendo então só nós dois,
uma doce perda dessa estrada,
nos caminhos das fugas do mundo...
onde tantos tentaram separar-nos.