O Barco da Vida
No teu barco da vida:
Quantos portos de partida?
Quantos portos de chegada?
Quantas guerras travadas?
Quantos rumos desviados!
E quantos reencontrados!
Ainda me lembro quando começas-te a viagem,
zarpas-te em direcção ao futuro,
Num barco novo,acabadinho de sair do estaleiro,
Lá onde tudo começa.
O mar sereno, Tal qual a tua alma, o sol brilhava no seu explendor
Os passaros embelezavam os teus mastros
o seu chilrear toava nos teus ouvidos como uma cantiga de embalar.
Levavas contigo todos os sonhos do mundo,
O vento como esperança, os passaros como companheiros
e as estrelas,como guias.
Nos primeiros mares navegados a calmaria era uma constante,
viajavas nos teus sonhos calmamente saboreando as caricias da brisa
e a plenitude das noites de luar.
Um dia,as estações alteraram-se, o mau tempo e as intempéries
começaram a mudar o teu rumo. Ao leme do teu barco,
não compreendias porque, por que mudar de rumo?
Mas o tempo foi implacável e mudou-te completamente o rumo.
Do barco da tua vida.
Perdeste-te algures num oceano desconhecido.
Andas-te solitária, a deriva, sem rumo.
Valeram-te as estrelas guias que lá no céu
guiam os navios perdidos, e conduziram-te a porto seguro.
Ancoras-te em terra firme, num pais tão bonito e tão calmo.
Foi a tua melhor e mais serena estadia em terra.
Enches-te o teu barco de saber, conhecimentos, carinho
amizades e amor.
Mas um barco não se constrói para estar em terra
e uma vez mais fizeste-te ao mar.
Este era um mais agitado, mais desconhecido, mais implacável.
Desconhecias o rumo. Levavas contigo todos os sonhos do mundo,
O vento como esperança, os passaros como companheiros
e as estrelas,como guias.
Nesta viagem feita de muitas lutas contra ti própria,
para vencer as tempestades que teimavam em te derrubar
Lutas-te. Lutas-te contra as ondas gigantes
do racismo, da incompreensão, das noites escuras da solidão,
contra tantos fantasmas que teimavam em assombrar as tuas noites.
E no meio de uma grande tempestade, sentis-te o barco a naufragar
Era uma noite escura, gelada, onde as ondas gigantes do desespero
pareciam engolir-te para afundares nelas todas as dores
todos os medos, todo o desencanto, todo o desespero.
Com o nascer da aurora a tempestade deu lugar ao bom tempo.
O sol começou a brilhar no que restava desse barco.
Deste início a uma tarefa ainda mais dificil
a de juntar os pedaços do barco espalhados
pelas aguas do teu sofrimento.
Foi dificil retomar de novo o rumo.
Mas levavas contigo todos os sonhos do mundo,
O vento como esperança, os passáros como companheiros
e as estrelas,como guias.
Sentes agora que meio oceano está percorrido.
Às vezes as lágrimas salgadas ainda jorram pelos teus olhos
embaciados pelo desalento.
Às vezes ainda sentes o vento da insegurança
atormentar-te os teus dias, mas vais seguindo viagem.
Sabes que aida vais encontrar muitas tempestades,
as ondas gigantes da incerteza virão de tempos a tempos
ensombrar as tuas noites.
Mas o rumo é sempre em direcção À FELiCIDADE.
Sabias, sempre soubes-te qual era o teu rumo.
viajavas rumo a felicidade, e foi depois de muitas viagens,
de ter enfrentado muitas tempestades,
que descobris-te que a felicidade sempre esteve a teu lado,
nos momentos mais marcantes da tua viagem.
Naqueles momentos em que o mar estava tão calmo
que conseguias tocar todos os teus sonhos, onde podias sentir a paz
a serenidade tão desejada, é que deixavas o barco rumar sozinho
no rumo que tem de ser, no rumo dos seus sonhos.