Minha mãe

 

Saudade de ti minha santa querida

E da poesia do jovem poeta sonhador

Um quase menino: Casimiro de Abreu,

De versos inesquecíveis, tempo fugidio

Vocês nos deixaram um imenso vazio!

“Oh! que saudades que tenho

Da aurora de minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!

Que amor, que sonhos, que flores,

Naquelas tardes fagueiras

A sombra das bananeiras,

Debaixo dos laranjais!..”

Lembro de teu olhar enternecido

No teu nobre e tímido semblante

O enlevo, a dedicação, terno amor

Dos doces sorrisos alvos e brandos

Daqueles meigos carinhos, quantos

Como são belos os dias
Do despontar da existência!
— Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é — lago sereno,
O céu — um manto azulado,
O mundo — um sonho dourado,
A vida — um hino d'amor! “

Da infância à juventude fugaz

Foram passos imperceptíveis

E pouco tempo para te dedicar

Ah!... sinto no peito o amargor

Não ter te dedicado mais amor.

“Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar! “

Nas noites insones nos embalavas

Medicavas corpos doentios e febris

Tu davas o  conforto, mal dormias

Ao lado da cama, noites sombrias

“Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã! “

Naqueles velhos Natais de outrora

E nas festas familiares quanta alegria

Eras a maravilhosa estrela brilhante

Que transbordava ternura constante.

“Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
— Pés descalços, braços nus
— Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!”

Muito céleres as vidas transcorreram

Invernos, primaveras, outonos, verões

Nós filhos crescemos, esbranquiçados

os teus nobres cabelos transformados

“Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo.
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!”

Doce graça tivestes, a vontade Divina

Da felicidade de teus netos conhecer

Antes de tua triste e amarga partida

No instante de dor sorrias para a vida !!!

“Oh! que saudades que tenho...”

 

* Poesias: “Minha Mãe” de minha autoria entrelaçada com “Meus oito anos”de Casimiro de Abreu.


 
 
Publicada no Jornal Evolução de São Bento do Sul/SC

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