Recordações de um Beijo Inexistente
Naquele beijo inexistente
a vertente do meu desejo
sob a luz do seu enlevo
que alumia meu coração
e no ensejo da sedução
minha proposta foi recusada
entre suas coxas à madrugada
onde recolho-me absorto.
No beijo o amor existente
e na carícia que é sem malícia
eu me entrego ao desassossego
eu me desfaço daqueles medos
de ser ferimento a sua alma
pois, é a entrega em totalidade
do meu ser transparecido
aconchegado ao olhar amigo.
Aquele beijo inexistente
tremulou são e veemente
todas as fibras morfossintáticas
que adjetivam o meu querer
que é de contigo adormecer
e novamente o desprendimento
dos nossos espíritos já libertados
como dois seres nus e transfigurados.
Naquele beijo inexistente
eu guardei minhas lembranças
e meu corpo padeceu de frio
mergulhado em gélida solidão.