AMOR NÃO SE ENCERRA
Minha alma meu amor dorme dentro de teu coração
Como a seiva das árvores centenárias
Profundamente arraigadas na terra da emoção...
Quando penso em ti meu coração é leve pena
Que o vento no ar desenha
E o tempo não irá roubar a cena...
Dissestes que voltarias pra mim
Mais ainda estou ressabiado
Tua promessa chega ao fim
Depois de três anos enfim
Ainda me sinto abandonado
Estou aqui no meu quarto trancado contigo
Como joio e trigo
Enganamos-nos no atrito e no delato
Tu és vaso que de sono dilata
E eu sou vaso acordado e constrito
Não sinto teus laços
Estou só no meu sono em detrito
Sinto-me preso mais não solto meu grito
Cadê aquele corpo que me entendia estendido
E hoje só faz companhia ao meu sono
Que compra um livro não lido
Se me decomponho ao teu lado sem fenda e sem gemido
Calo e durmo e acordando consinto
Ainda há perfume neste frasco de absinto
Vem que nunca é tarde pra recomeçar
O tempo não perde suas asas pra de novo se amar
Nem que precise lavar o florilégio dos teus pés
Sou humilde minha doce menina sem rapapés
Sou teu amor para que se afira ao coração
Sou tua redoma embora seja minha dona
Tu és minha sina meus passos minha senhora reticência
Tu és flor de meu jardim de psicossoma
E eu o aroma de tua essência
Que pela insistência
O vento ao solo tua petala te inclina
E ao pendor sereno do orvalho choras
E cais desmaiada no meu chão de porosa prosa de terra
E mesmo sentada a terra o meu amor não te ignora..
Pois que amor de verdade não se enterra... Se ora!
Pra se voltar pro futuro sem agourar o agora
Seu lugar no mundo sou eu
E é você que ainda não entendeu
Que é você quem está por fora do meu...