Causas
Minhas palavras são como
relâmpagos.
Desses que clareiam toda a cidade.
As minhas, contudo
clareiam minha madrugada.
Amar é princípio de quem não enxerga,
de quem não mais soletra,
de quem amor precisa.
A meu ver essa coisa do povo
chora desesperadamente como criança.
E em cada berro e lágrima
aplaude a incerteza constante.
Amar é a agonia de quem não é louco.
E apanagio de quem é surdo e escuta,
de quem não fala e grita.
Vão para o brejo todas as almas,
que amor suplica uma palavra.
Não colho letras, só para um suco.
Planto uma rosa, coisa do povo.
E entre os mais finos espinhos
perturbo o lirismo, que grita o amor.