Quero-te sim!
Quero-te
porque te sinto a parte que de mim parte
e tal como a esgotada gaivota,
volta ao areal da costa a cada final de tarde.
Quero-te porque me ocupas
antes sequer de te conhecer. Antes sequer
de um só olhar se cruzar, do toque acontecer.
Que pressinto, meu querido, nas veredas,
nos caminhos apertados,
por onde marginados caminhámos
caminharam sempre colados os nossos
passos desencontrados.
Extenuados dos presentes e passados ...
Quero-te porque me vi nos teus olhos novos de mim.
E porque te adivinho ... és fascínio, és domínio,
és seiva, saliva, chaga e lava e és a carne perfumada
de madressilva e alecrim.
Quero-te sim! Que em mim vinhas longínquo inscrito
neste palco em que me habito.