À Falta...

Tenho ciúme da tua ausência

Do que vês sem mim

Do que passas sem que eu também passe

De quando ris sem eu saber por quê

De quando choras sem me dizer

Fico humilhado por não te ter

Por te dividir

Sem se obrigarem me pedir

Da independência dos teus caminhos

Comigo aqui a depender sozinho

Isto vem me corroendo as tripas

Criando uma crosta

Remoendo as vísceras

Dilacerando todos os planos que fiz

Seguindo à risca essa diretriz

De ser contigo o meu estar

Sem nada nem ninguém influenciar

Somente eu e o meu ensejo

Numa simbiose completa...

Sem ti nada vejo

Nem quero ver o que vês

Quando não estais comigo

Não suportaria um desapego

Mas quero saber de todo teu ócio

Ou nem quero?

É enlouquecedor, esse paradoxo

Isso é amizade?

Egoísmo meu? Posse? Paixão?

Falam que é amor...

Talvez, só por caridade

Mas eu acho que é só...

Saudade...