Sábio amante

Houveram os dias em que

a corja vã a ninguém importava,

Esses foram os dias de luz,

Os grandes dias.

Nesses dias de Romeu os

Olhos deixavam de olhar,

Para se darem ao dom de

Dizer a quem amar.

Era a época das damas em

Vestes cor de carmim, e dos

Cavaleiros cor de metal, galantes

sobre garanhões alados.

Foi há muito o tempo

Do cego romantista e da

amável dama, que hoje nada é

Além da fútil fama. Ah, Julieta!

O que fizeram a ti?

Perdido está seu arquétipo romance.

E onde está o seu galante Romeu?

Teu amor morreu à queda do aquário, para sempre!

Dizem-nos eles que o que foras

É escória do que hoje és,

E que tal lástima não lhes

Chega aos pés. Malditos são!

Proso que antes fosse uma lástima

Que o amor canta, a um

Sábio que a isso nega. Mas

Sabe que sou profano

Pode-se dizer calúnia

O que digo e não consinto.

E nada haveria a mim dizer-te, senão

As desculpas de um jovem que sonha.

E assim faz-se verdade o que digo

Com esse simples apelo, pois não sou

O amante perfeito, tampouco o sábio que ensina.

Mas apenas um jovem que sonha.

Tenho em mim os sonhos teus.

Quem dera fôssemos nós todos um só:

Seríamos o explorador que tanto ama;

E o amante que tanto busca.

Então seria este o maior dos amantes,

E o mais sábio profeta. E o moleque

antes julgado delirante, nada fez

além de sonhar em um dia o ser.

Assim eu, que rebaixo-me à

Profano, jovem mentiroso,

Nada vos digo além de sonhos.

Daniel Reis
Enviado por Daniel Reis em 17/05/2013
Reeditado em 10/06/2015
Código do texto: T4295096
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.