Hoje...

Meu ontem... não valia uma pena,

Nem o repuxo do papel encilhado na mesa,

Nem meus dedos nodosos sobre o arcado queixo,

Ontem... Não enxergaria meus próprios olhos tristes,

As velas cansadas sobre meu mar de angustias.

Hoje... não renasceria do meu ontem claustrofóbico

Nem vislumbraria o poema riscado na mesa tosca,

Não beijaria meus olhos rudes de tristezas,

Minhas naus naufragadas nos mares negros.

Hoje... Sorri dos espasmos no canto da boca,

Do nauseabundo mundo, desenhado na tristeza,

Dos cárteres numéricos e profundos.

Hoje, me rio, me choro, me amo.