Amar

Amar é um verbo difícil

De se conjugar

Porque quer permanecer sempre

No infinitivo

Sua terminação quer se eternizar

Esconder os conectivos

Os vocativos

E os pronomes afetivos

E nas pequenas coisas

Ele entra em profunda contradição

Como repartir uma maçã

Ao meio

Um pedaço de pão

De centeio

Escrever um poema de amor

Que não rime com metal

E que a contagem das silabas

Seja pronunciada com o pulsar

Do coração

E os seios que amamentam

O quasar

A via - láctea que leva

Suas estrelas para passear

De velocípedes nas noites

De luar

O espantalho que cuida

Do milharal

Do bico metálico dos corvos

Os nervos do girassol

Que acompanham o roteiro

Do sol

E as vísceras da lagarta

Que abrem os olhos

Diante da lavoura florada

Polinizada pelas tempestades

Conjugando-o no presente perfeito

O verbo amar se torna um pretérito

Repleto de saudades.

Luiz Alfredo - poeta

luiefmm
Enviado por luiefmm em 15/05/2013
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