Mulher em ti!

Sublimadas, auroras de lume povoam

os campos no malmequer do teu riso.

Suspensos, num jogo de roldanas, sobem

os panos no palco rosáceo dos corpos.

Visto-me de organdi, desnudo-me de mim.

Soltas-me as tranças, infantas crianças.

Nos nossos rios abertos navegam unicórnios

em madrigais de loiras papoilas.

Cisnes brancos refulgem em tufos de nuvens

na procura pura do silêncio. Hiperbólicos sons

desenham coreografias simbólicas.

Navegam dentro de galáxias de metáforas,

voláteis, em danças ausentes de braços.

Abro-me serena, por dentro de rimas e poemas

e encontro-me Mulher no centro do novelo

adunado das tuas e das minhas pernas.

Mel de Carvalho
Enviado por Mel de Carvalho em 28/03/2007
Código do texto: T429025
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