AMOR e morte
LI
Mil textos não verbalizam o que não há denominação.
A mais profunda capacidade de amar é silenciar
ver além da pele, do caso e da alma
mais que isso, ser a alma. Livre. Leve e intensa.
A pulsação do universo é íntimo e coletivo
uma mãe maior em que habita(mos) até na morte.
Aliás, a morte inexiste no sentido de fim
o ciclo é constantemente simples e generoso
a folha que seca não desfolha a árvore
o pássaro que cai não desanuvia o céu
a estrela morta não deixa de brilhar
e nenhuma das coisas mortas deixam de acontecer,
as partes menores não são menos importantes
na verdade não existe o importante, nem verdade
porque não há infortúnios, nem mentiras.
Não existe falha, nem dor, e mesmo se houvesse dor
seria tranquilo, porque seria natural.
O amor é naturalmente, uma recordação.