Ah! lembras-te…?
"Aqueles doces instantes
De poética harmonia"
(Casimiro de Abreu)
Ah! lembras-te, meigo Amor,
Lembras-te da fantasia
Doce e cheia de harmonia,
Da nossa aurora de amor?
Lembras-te daquele beijo
Doce e cheio de desejo
—primeiro beijo de amor…?
Ficaste maravilhado
Co'aquele beijo encantado,
Pleno de afável fervor!
Os silfos no ar sorriam,
Naquela manhã formosa!
As hortênsias floresciam
Sob a brisa deleitosa!
Tu docemente sorrias,
No fulgor daqueles dias…
Da manhã mais rutilante!
Éramos sós, mais ninguém…!
Como eu tremia, meu bem!
Foi tão terno aquele instante…!
"Os sonhos eram suaves
Como o gorjeio das aves",
Quando desponta a alvorada
Sobre a montanha encantada!
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Ah! juras de amor sem fim!
Um dia fugiste de mim,
Do nosso sonho mais puro!
Deixaste-me só no mundo,
No esquecimento profundo…
"Que é feito agora de tudo?"