VOLTEI A TI

Saí errante em busca de teu cheiro nos aromas arrogantes da ausência

A todo custo, pagando preços a suores, querendo te arrancar do que não tive

Adornado infeliz nessa nudez que te traduz e me lacera

Igual o que me desiguala, dançando a música do léu que fez-se estrada em mim!

Saí porque já desisti. Voltei porque não fui a parte alguma!

Era teu sorriso aquele beijo dado pelo vento na relva verde que me fascinou

Tal como a prece de um novo dia que promete ser igual à novidade do amanhã

Porque amanhã serei meu ontem e desesperadamente condenado a ser você em mim!

Fluindo sucos orvalhados que teus lábios me doaram a cada sonho

Com a cintilância cíclica me desencadeando pedaços de teu lindo olhar

Pra que de cego eu me tornasse visto em todas as conquistas da impotência imponente

Que foi maior que a junção dos universos, mas não venceu teu grão de indiferença!

Escombros que me esculpem, com dissidências e êxodos – com hinos mudos

Circundando esferas retas, criando pontos tríplices para encontrar dois referenciais

Por que são três meus devaneios e os pedregais são a suavidade desse relevo

Um que te odeia - outro que esquece - e o último que os desmente!

Então que me perdoem todos os esforços e reforços dotados de fraqueza

Que sejam condescendentes as estrelas moradoras de tua face rubra e bela

Porque tudo que me disse a incerteza tão certeira e vingadora

Foi que o destino há tempos desistiu...

Que o coração há séculos parou...

E cá estou te amando exatamente como outrora!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 11/05/2013
Reeditado em 12/04/2022
Código do texto: T4284687
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