Os teus dedos na roca dos meus segredos
Nas sedas filiformes de um tear por inventar
e nos rugidos do Mar, repercutidos aos ouvidos,
em agalanados búzios, encontras cifras e códigos
de um oráculo por decifrar, de mim menina-mulher...
Vem, senta-te aqui a meu lado, nesta cadeira
do eterno tempo vago. Mastiga devagar as
emoções libertas dos meus olhos de luar.
Enrola os teus dedos na roca dos meus
segredos ... Ensinar-te-ei a fiar! Ouve agora
as colcheias vindas de lá do pré-cambrio,
e nelas perpetuadas, a matriz unicelular das
nossas primitivas células. Unidas!
Estão desenhadas em aguarelas coloridas.
E no nosso pretérito passado encontras
alcantilado o nosso beijo risonho ...
Não estás a ver? Tem o traçado impoluto
de um Sonho ... Tem a cor das Açucenas,
o sabor do desejo das nossas bocas serenas...
Coisas simples e pequenas ...
Vais de novo dizer que estou a enlouquecer?
Que me perdi em enzima e levedura? Que
o meu corpo salgado se desfez na envoltura
de um passado caldeado no caldeirão
bojudo da mais atávica loucura?
Talvez sim ... Se te perdi no caminho, não
existe caminho para mim!