CÉU - DESTINO SOTURNO
À noitinha resolvi falar do silêncio que há em mim
E lembrei-me de todos os meus amores
E chamei vários nomes, feios, bobos...
Que faziam-me fugir do brilho encantado
Das cinéreas cores, do cinza azulado
Que conjuga o céu (destino soturno)
Como um grande arco-íris, de aquarela desenhado...
Como o teto que me diz qual limite de tempo,
De estrelas, brilhando em seu limiar.
Por isso...
Por isso fiz o absurdo
Um crepúsculo preparado
Um arrebol que me espera no azul tão fartado
No sangue ebúrneo do Ocaso, cipreste e calado
Como a taciturna noite que me leva,
Na efemeridade a meu lado
Chuvas,
Nos fulvos e flamejantes
Tetos de afeição
Chão que se desmancha!
Como alvéolos preparados para um esquife
E que por onde vou me sorri se abrindo...
Só que há em mim esta alegria sem sentido
E este adejo que me expurga aonde quer que vá
Esperem-me todos os limiares quando eu for incinerado
Pois a chuva passou e prometeu mais uma estrelinha no Céu
Estou pronto para a Vida
Estou pronto para nascer...