Introdução : Ária de Personagem/ "Apresenta-se o Virtuoso em Amor"
1-Além do dos bens preciosos da vida...
Além da própria vida, vive meu amor
Acorda com a primavera... Tão bela!
Desabrocha e sonha com felicidade...
Esperançosa flor!
Além da plenitude está minha completude...
Um pássaro audaz e gracioso
fazendo de meu peito o céu de sua liberdade...
Como raios tímidos de sol
que atravessam as arestas verdes da copa de uma árvore
sou para minh'amada suave claridade...
Não a deixo um só momento...
Como os raios de sol refulgidos na lua
Sou de meu amor toda lealdade!
E ao meu espírito é ela todo contentamento!
2- No leito de meus amores deitou seu espirito
Fui oásis em disfarce e tão somente sendo chuva
pude, sem pudor, toca-la!
E tão somente sendo suave brisa
pude, sem temor, ama-la...
Sendo outono em teus lábios pude beija-la!
4-E onde estavas tu quando o inverno se aproximava?
O silencio invadia o mundo... Tornava-me versos mudos
de uma saudade que em teu peito, misteriosa, apertava!
Ah! Minha solidão! E te amar torna-se a fantasia de um verão...
Sou escaravelho agonizante no cárcere uterino de uma rosa!
Angustia que sufoca...
Desfiz-me em natureza para ter-te à minha ambição...
Venenosa expiação...
Do belo ao medonho...
Amor estranho... Cheio de desejo e sem razão!
3- Do que falo quando exalto a plenitude?
Como me misturo ao vento?
De que maneira torno-me chuva quando o sol te castiga?
Amor que nasce santo e morre profano nos lábios cálidos de um artista!
Meus sentimentos são como todas as estações
existindo na aurora de um mesmo dia!
Sou como a alma da Grande Mãe Natureza
Calmaria em uma tarde de céu purpura...
Assolação no explodir de um terremoto
transformando monumentos em poeira!
Da bruma fina na madrugada gélida
à violência dos raios cortando a imensidão...
Meu amar é luz solar que se disfarça
pois se olhar diretamente queima os olhos... Mata!
Contudo é água saciando a sede no deserto...
Por ser o que sou... Não chore de solidão, oh! Flor!
Estou sempre perto!
Assegura-te da fome do leão e dos olhos astutos da serpente...
(Amor meu, meu amor!)
Mas, enamore-se dos pássaros e da vida!
Aquieta-te rosa de melancolia
Sirva-se da chuva e dos ventos
E esconda-se quando tornar-se escuro o dia
Pois, assim como a natureza (que é o que é)
sou forjado em escaldante núcleo, sou tudo e não me torno nada...
Eu não mudo!