ESTRANHO
Ao dormir o sono das cores,
nada mais significou passados.
Coelhos saltavam das moitas
que escondiam memórias soterradas
e uma grande festa animal
encerrou o domínio de palavrões
como a lógica, o capital, máquinas
e a propriedade,
nunca mais o canto precisou
de instrumento e plateia,
o que vem dos Cosmos é dom,
não precisa de adoração: a divindade
é fundamento insubmisso
Não procuro sonho, tampouco
dou importância à escuridão,
houve tempo em que o amor
me fez acompanhar litígios
aos quais de maneira alguma
concorri,
entendo que as mulheres
me neguem a chave da porta,
não sou aquele que carrega
a soma de negação e violência
na qual se exigem na submissão,
por outro lado construo o barco
do encontro na definitiva neblina
aonde ingresso livre dos amores,
enfim! que ao contrário do refúgio extremo
me fazem o que realmente sou: estranho