mãe para filhos adotivos

Não planejei te amar. Quando te vi, me apaixonei. Instantaneamente – simples assim.

Quando o amor entrou, como sol pela janela,

Sob seus raios intensos, prostrei-me agradecida

Arrebatada, rendida, em serena entrega,

Por tanta força inundada, e tanta luz, enceguecida

E assim, abençoada,

Te aceitei como dádiva

De amor irrestrito,

Sem fronteiras nem abismos.

Fiz da benção, o compromisso,

De nunca mentir pra você.

Como é possível te amar,

E ao mesmo tempo mentir?

Fingir, esconder tua história,

Enganar, omitir?

Caminhar ao teu lado na vida,

Roubando-te a identidade,

Forjando-te a verdade,

Traindo o que prometi?

Sem pudor, sem preconceito,

Sem reservas e sem medo,

Te revelei desde o berço

O que não querias saber.

Te fui fiel por respeito,

E não menti pra você.

Não menti quando contei o teu difícil começo

Do parto à UTI, e ao orfanato em seguida

Aí te conheci, na chegada, aos 15 dias de vida.

Lá eu, voluntária, também iniciava o meu primeiro dia.

……………….(Não existe o acaso na Casa do Pai)

É normal que se pergunte

Que questione o abandono

“Não me amou? Não me quis? De onde vim?

Por que eu? O que houve? Como?”

Mas não menti pra você ao dizer

Que não deve manter no seu peito

Mágoa, raiva ou desprezo

Por quem te permitiu nascer

Se não a conhece e não sabe

Nem por que nome ela atende

Eu te digo: ela te abrigou em seu ventre

Seu nome é “Mãe”, simplesmente.

Não podemos condenar

O que não sabemos direito

E, mesmo por um momento

Por que abrir mão do perdão

Em troca do ressentimento?

Alivie o seu coração,

Alimentando em seu peito

Senão amor, gratidão

Senão carinho, respeito.

Não menti pra você quando disse

Que a Deus peço por ela

E me coloco em seu lugar.

Sou-lhe grata por ter sido

Instrumento por Deus escolhido

Pra que pudesses chegar.

Não menti quando te disse

Que peço a Deus com fervor,

Para que a ela nunca falte,

Amparo e consolo na dor.

Que não se descuide da fé

Para ser fortalecida,

E por Graça, redimida,

Quando o arrependimento vier.

E é certo que virá, podes contar

Reserva-lhe, pois, tua compaixão

E mesmo sem nunca a encontrar

No silêncio da prece, envia o teu perdão

Em meu peito jamais existiu

Pretensão da exclusividade egoísta

Posso ser Mãe, Sebastiana, Psiu,

Mãe adotiva ou postiça.

Denominações, que me importam?

Não são o meu foco na vida.

Quero sim, neste mundo

Ser a tua melhor amiga.

Ser o que a mim couber

Nas diferentes fases da vida

Preparando as tuas asas

E servindo-te de guarida.

No que a vida me reservar,

Sem murmúrio ou penar

Quero ser porto seguro,

Pra onde possas voltar.

Nos teus primeiros anos de vida

Pra te cuidar, defender,

Afagar, proteger,

Não quero ser só amiga,

………………………..Quero ser Guardiã.

Depois, quando for minha missão

Controlar, proibir, dizer não,

Na construção da tua trilha,

Quero ser mais que do que amiga

………………………..Quero ser Tecelã.

E mais tarde, ao te assistir

Desbravar a vida, voar

E me couber te ouvir, consolar

Parceira e fã, quero ser não só amiga,

………………………..Quero ser tua Irmã.

E, lado a lado, sem mentir pra você,

Quero ser cúmplice e par

Às vezes ombro, às vezes carga

Mas sempre Porto, sempre Lar.

Te ver cair, levantar

Entre erros e acertos rir, se apaixonar

Ensinar o que sei, aprender com você

Exercer o perdão, torcer, esperar, e ceder.

Assim, crescer com você para, um dia,

No fim dessa nossa jornada,

Devolver a Deus cultivada

A semente que Ele me confiou.

E te ver árvore frondosa

De amplos galhos abertos, serenos,

Acolhedora, generosa

Regada de vida, trabalho e desvelos

Sem mentir pra você, meu menino

Nem agora, nem depois

Sei que ao nos unir no caminho,

Deus não mentiu pra nós dois

Quando no tempo e no espaço

Deus preparou nosso encontro

E os meios pelos quais se daria

Apostando em nós dois, já sabia

Que o amor nos guiaria.

E o coração de quem ama

Não questiona, não indaga

Não duvida, não reclama

Entrega-se apenas, naufraga

Deus, meu filho, não se engana.

“O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal. Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha.”

Apóstolo Paulo, Coríntios 13:4-8

DIL GALVÃO
Enviado por DIL GALVÃO em 02/05/2013
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