Não te farei a carta!

E que essa carta vá sozinha

sem letra alguma minha carregar

e leve um beijo pobre de ternura

e a rua seja o seu lugar.

Não me adianta fazê-la.

Faze-a tu, como tu sabes,

poupa-me do abuso intolerado:

carta se faz pra quem se ama.

Nela ponha a força dos teus dedos.

Com teu hálito, cole-a.

Teu amor, se nela for, seja o teu segredo

de quem tão verde deu-se a amar.