ADORAÇÃO

Sei bem dos meus olhos cheios de ti.

Recorrência constante neste périplo

Em que me permito chamar teu nome.

Bebo a nobreza de teus gestos

Quando me fazes mesuras e trejeitos,

Qual bailarina que põe harmonia

Em cada passo na ponta dos pés.

E se me enches o espírito de enlevo,

Esvazias-me a alma de cadências.

Sou todo solavanco e tremores,

Como o poeta louco

Que engole sua poesia mastigada,

Banalizada entre molares e caninos.

Respiro a manhã que dorme em ti

E bebo o sol que delira em tuas vestes.

Debruçado na tarde de teus cabelos,

Aguardo a noite amena do teu lábio

A invadir o quarto amanhecido

De desejos visivelmente alijados.

Meus olhos assoberbados de ti

Derramam-se na cascata silenciosa

De teus pés que me inundam de mistérios.

Paulo Pazz
Enviado por Paulo Pazz em 25/04/2013
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