ADORAÇÃO
Sei bem dos meus olhos cheios de ti.
Recorrência constante neste périplo
Em que me permito chamar teu nome.
Bebo a nobreza de teus gestos
Quando me fazes mesuras e trejeitos,
Qual bailarina que põe harmonia
Em cada passo na ponta dos pés.
E se me enches o espírito de enlevo,
Esvazias-me a alma de cadências.
Sou todo solavanco e tremores,
Como o poeta louco
Que engole sua poesia mastigada,
Banalizada entre molares e caninos.
Respiro a manhã que dorme em ti
E bebo o sol que delira em tuas vestes.
Debruçado na tarde de teus cabelos,
Aguardo a noite amena do teu lábio
A invadir o quarto amanhecido
De desejos visivelmente alijados.
Meus olhos assoberbados de ti
Derramam-se na cascata silenciosa
De teus pés que me inundam de mistérios.