Felicidade do viver

Quando em meu coração germinar o amor,

Que a alma prenda à felicidade decorrente,

Não sorriem de mim nem um pouquinho

Nem da minha alegria plangente.

E nem busque no cedro bruto

A flor da montanha que acorda no tempo:

Não desejo que um sorriso de zombaria

Aconteça para o meu descontentamento.

Eu vivo a vida como vive a rotina

Do povoado, o mareio do marujo,

– Como o vôo de uma águia

Que se refaz sob a beleza do oásis;

Como o repatrio de meu coração solitário,

Em que a chama sensata a fortalecer-se:

Não fica qualquer tristeza – são dos instantes

Que o afável devaneio desmereceria.

Só vem uma lembrança – é dessa calmaria

Onde eu sentia clarear minhas noites de trevas…

Ó minha amada, choro por ti, pobre apaixonada,

Que para minha felicidade a cortina descerra!

De meu criador… de meus amigos verdadeiros,

Muito poucos – pouquíssimos – e que não sorriram

Quando, em felicidade espontânea eu envaidecia,

Meus olhos vermelhos cansados gritavam por Maria.

Se uma saudade o coração dilacera,

Se um amor não mais me espera,

É pelo o instante que imaginei… que jamais

Ao meu encontro veio a flor mais sincera!

Só tu à esperança eterna

Do pobre poeta do amor…

Se aqui se encanta, é por ti! E pela alegria

De na vida viver o balsamo perfeito da flor

Idolatrarei a verdade nua e crua,

Verei translúcido o anseio do companheiro…

Ó amor dos sonhos bandidos,

Daqui a pouco, eu vou estar contigo!

Sobem à minha esperança amiga

No palco das celebridades,

À luz dum mestre, e desenha minha vida:

Sou poeta – tenho sonhos - e adoro a idolatria.

Flores da primavera, manhas de setembro

Que meu coração ama por encanto,

Dê ao meu espírito belo instante,

De felicidade e acalanto!

Mas quando a felicidade for total

E quando a aurora completamente brilhar,

O arvoredo do bosque florido, as folhas deixar abrir…

Fazei amor desejado minha alma ungir!

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 25/03/2007
Reeditado em 26/03/2007
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