Tu de lá eu de cá
XXVII
Que me dizes, querido, da minha vagabunda
mania de livros e poesia
sombra de árvores e água fresca
em ritmos de apatia e leveza?
Que achas, querido, da minha plena
vocação de permear da súbita alegria
à estranheza imensa da dor?
Não fui eu quem lançou sob teus pés esse véu
a necessidade sufocante da nossa história
carrega o insípido privilégio
de nos acostumarmos um ao outro
e desencontra a magia das noites antigas
para longe de mim, também não perto de ti
distintamente, como um membro da família;
e como os passos não revertem ao tempo (nem a família)
o tédio toma conta da nossa paz interior
e nem ligamos, porque a cumplicidade
que conquistamos é forte em reencontrar
propriedade, tu de lá eu de cá,
na liberdade falsa do amor.