Tu de lá eu de cá

XXVII

Que me dizes, querido, da minha vagabunda

mania de livros e poesia

sombra de árvores e água fresca

em ritmos de apatia e leveza?

Que achas, querido, da minha plena

vocação de permear da súbita alegria

à estranheza imensa da dor?

Não fui eu quem lançou sob teus pés esse véu

a necessidade sufocante da nossa história

carrega o insípido privilégio

de nos acostumarmos um ao outro

e desencontra a magia das noites antigas

para longe de mim, também não perto de ti

distintamente, como um membro da família;

e como os passos não revertem ao tempo (nem a família)

o tédio toma conta da nossa paz interior

e nem ligamos, porque a cumplicidade

que conquistamos é forte em reencontrar

propriedade, tu de lá eu de cá,

na liberdade falsa do amor.

Shauara David
Enviado por Shauara David em 23/04/2013
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