Não te amo...

Amo-te com a indiferença de meu corpo infante.

Assim é que escolhi te amar.

Bebo-te gole a gole

no rebento de uma imensa sede.

Despejo minha carne sobre a tua,

até cansar-me.

Queda-se minha dor

no vaso baço do teu suplício

quando me vem um gozo.

Minha alma vai deixando a tua

que ainda acredita

no que nunca fiz pra te amar.

Meu bicho cresce dentro de outro bicho

maior e rude.

O que chora dentro de mim

é o meu remorso,

ao apagar tua fogueira santa,

atiçada pelo fogo da luz

de tua pureza.