Aquilo
Cravas as garras em minha pele
Sangue escorre, pula da veia...
Da ampulheta escorre a areia
E o tempo me acaricia de leve.
Uma coisa é certa: tu chegaste!
Olho-te e vejo o crepúsculo...
És osso, vísceras e músculo,
És febre insana que me invade.
Minhas mãos te reverenciam,
Coração bate em descompasso...
Me prendes sutilmente em teu laço,
Meus tremores te anunciam.
Tuas asas com punhais ocultos
Envolvem-me com promessas,
Tiram a força de minhas pernas
E meus lábios sucumbem mudos.
Prendes com correntes minha solidão,
Roubas os meus pensamentos,
Expulsas todos os meus lamentos,
Invades como pirata meu coração...
Subjugas a minha maior certeza,
Trancafias todos os meus medos,
Desvendas todos os meus segredos,
Colocas todas as cartas na mesa.
Te infiltras onde antes havia dor,
Te instalas sem pudor algum!
Te personificas em apenas um!
És aquilo que chamamos amor!