A Colina do Amor

Sobre os campos inexplorados de montes austeros

eis no seu ocaso o lar de grandes e inocentes sonhadores.

Nas colinas se escrevem estórias rabiscadas pela brisa

que um dia percorreu seus olhos, seus ouvidos e pensamentos

E por este motivo o sonhador incessante retorna para lá.

No orvalho que brilha ao sol da manhã

está o alimento que satisfaz por um dia

a grande quimera dos sonhadores e seus devaneios.

O orvalho seca, a esperança se vai

mas logo na alvorada as possibilidades sempre renascem.

Parece estranho querer retornar a um lugar que nunca se foi

onde as cotovias cantam uma ode ao amanhecer

e no dia de plena felicidade tantas naturezas

louvam a divina graça de apenas estarem juntas

no farfalhar de folhas e no cicio dos ventos que só elas escutam.

Este é o meu lugar, este é o meu sonho.

Pisar na terra nua, desnuda na liberdade de se expressar

e proferir o meu mais profundo segredo com o clamor

que ecoaria por todo um bosque cheio de árvores frutíferas

frondosas, acolhedoras e repletas de sonhos e saudades.

Nessa encosta abundante de flores e beija-flores sobem eu e você

caminhando por trilhas e atalhos às vezes sinuosos, mas que nos levam

ao visual do mais puro verde da essência da natureza

na natureza do nosso caráter, na transparência desse ardor

que no alto do monte, é celebrado pelas nuvens o beijo do nosso amor.

Esse lugar existe, ele está dentro de nós

Os anjos daquele lugar desceram como cupidos ao nosso encontro.

Se ouvindo ou não algum clamor, eles apenas cumpriram sua missão

a de nos aproximar sob a forma mais sublime e depurada do amor:

pelo diálogo dos olhos, e pela mágica confiança de cada um

em abrir as suas singelas gavetas para o melhor recheio

que lembra eternamente um lugar jamais visitado, mas sempre sonhado,

o mesmo campo idealizado de ambas as almas, gêmeas que são,

traduzido então pela força orquestrada dos ventos, rios e estações.

Lá o Sol brilha mais, a chuva resvala suave sobre os rostos

os dias são mais longos para momentos especiais de nós dois

e as noites convidam ao romance no luar sob a luz das estrelas.

Mas por hora esse lugar fica guardado em nosso espaço mais nobre,

nas gavetas dos nossos corações, firme e preservado à sete chaves,

aguardando com muita fé e esperança a passagem das quatro estações

pois ao final do ciclo da natureza abriremos então nossas gavetas

e de lá brotarão em total liberdade as mais belas cores

de pássaros, flores, amores e borboletas, para só então ali dizermos:

- Até que Enfim! Chegaram até nós as belas montanhas, os campos,

as colinas e os vales dos nossos sonhos de ontem, de hoje e de sempre.