Lisbela e a Torre

Desvairados os néscios caminham

Rumo ao castelo,

Da mais alta torre

Lisbela pôs-se a sonhar,

Olhou para o céu

Olhou para o mar.

Queria voar,

Queria nadar,

Queria sentir,

Queria se ausentar,

Queria não querer,

Queria não amar.

Da mais alta torre

Então pensou em se jogar,

Mas iria rumo ao mar,

Não queria deixar o céu,

Não queria deixar o mar.

Pobre Lisbela então

Na dúvida cabível

Corroendo o âmago de seus dias

Prostrou – se diante de seu altar,

Fez vários pedidos

Desatinou a orar.

Nas suas rezas entendeu

Que ou amava o céu

Ou amava o mar,

Não poderia haver

Dois senhores de um só coração,

Relutar contra isso seria sofrer

E amargar desilusão.

Lisbela pôs – se então

A olhar pela janela

A imensidão,

Olhou para o céu,

Olhou para o mar,

E viveu ali para sempre

Na dúvida de quem amar.