Talvez eu abandone este velho conhecido,
O mundo, tão cheio de tristeza.
Talvez eu abandone esta eterna desconhecida,
A vida, tão vazia de beleza.
Talvez eu deixe esta desafortunada,
A estrada, tão escassa de surpresa.
E talvez eu me livre deste ensandecido,
O amor, tão distante de qualquer certeza
 
Talvez a morte seja só um norte,
Mas eu vou para o sul onde tem azul,
Onde meus olhos molhados olham me olhar
Estes teus olhos molhados,
Separados, mas juntados na forja dessa dor.
Talvez por amor, por amor...
 
Talvez eu abandone esta ingrata,
A poesia que me tira tudo e não dá nada.
Talvez eu mate mais este perverso,
O inoportuno verso mais certo
Decerto feito da palavra mais errada.
Talvez eu cale para sempre este inútil,
O poema, que me seca os lábios,
Que me caleja as mãos
E torna mais aflito o meu coração.
 
Mas a morte não!
Porque além dela mais nada.
Aqui tudo tão pouco, tão pouco,
Uns parcos passos na estrada...
E eu louco, tão louco
Que não sei amar mais nada.
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 11/04/2013
Reeditado em 25/04/2021
Código do texto: T4235262
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