De você, sei quase nada...
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... sei que me chegou dentro, foi fundo
bateu de pronto, entre mistérios e cismas
entre o raso e o mais profundo
entre a métrica e um monte de rimas
sei que chegou entre as pernas e molhou
fez agrado de um jeito de endoidar
foi meio que rio que desaguou
meio que mar em ressaca à espraiar
sei que tem umas palavras que me sobem
entram por baixo e atingem o ventre
me engravidam de luas que não somem
nem embaixo do sol mais quente
tem mais umas coisas, um olho que eu fixo
num retrato que eu juntei de nós
numa falta de fé que reza em figa e crucifixo
e num espelho com um demônio sem voz
Sei lá, não sei quase nada, só dessa tangência
dessa força que me atinge e me curva
nuns suores feitos de muita urgência
em loucuras da minha cabeça pensando em luva
chuva
uva
cheiros de hortelã
romã
maçã
dente
quente
serpente
sei lá, sei quase nada, sei só do calor
que me sobe, me desce, me incendeia
- sei que parece com amor -
e que me corre rápido pela veia
Quase nada
(Zeca Baleiro & Alice Ruiz)
De você sei quase nada
Pra onde vai ou porque veio
Nem mesmo sei
Qual é a parte da tua estrada
No meu caminho
Será um atalho
Ou um desvio
Um rio raso
Um passo em falso
Um prato fundo
Pra toda fome
Que há no mundo
Noite alta que revele
Um passeio pela pele
Dia claro madrugada
De nós dois não sei mais nada
De você sei quase nada
Pra onde vai ou porque veio
Nem mesmo sei
Qual é a parte da tua estrada
No meu caminho
Será um atalho
Ou um desvio
Um rio raso
Um passo em falso
Um prato fundo
Pra toda fome
Que há no mundo
Se tudo passa com se explica
O amor que fica nessa parada
Amor que chega sem dar aviso
Não é preciso saber mais nada