Voam duetos d’asas abertas, os Pelicanos
Do útero fecundo lá da floresta, dos mundos Incas,
vieram agora de alas cessas, viajantes ciganos.
Voam duetos d’asas abertas, os Pelicanos.
Desenham-se em traços e mudos sulcos. No ladrilho
alentado d’azul e prata. Destacam-se em matizes de sombras,
mágoas redondas, na áurea areia ... (E em ogivas sem luz,
carretéis, bobinas, de tinta preta). Geram-se sigilos, no cantar
dos grilos. Povoam-se em largas praias, na barra das saias.
No pescoço do mar ecoam cantilenas de inconclusivos brados.
Sonham ser livres. Não mais soldados. Não mais perfilados.
Ladeados, poisam no verde redondo d’infantes cocos e,
loucos, loucos, sugam hirtos seios de uma palmeira.
Na mais elevada... da mais altaneira.
De galhos abertos, pássaros do sul, vozeiam no vento chilreios
de um tempo suspenso. Remanescem tristezas. As tais de gente.
E tal crianças, partilham o espaço... Nutrem-se mansamente.
Velejam desejos no tinto d’azul, espelham-se em beijos,
Arquejos angélicos. Fulminam por fim, banhados de espuma
no perfil de docíssima água, penetrada a vaga, ao Sol Poente.
Dois Pelicanos unidos em magnetismos hertzianos.
Ciganos, provindos do sul, encontram-se em danças...
Danças do ventre que o mar deseja, que o mar consente...
Dos Mundos Incas, vieram chilreios dos Pelicanos!