JÁ NOS ENGANAMOS DEMAIS
Creio que agora, todo o tempo que
existia entre nós acabou se escoando,
já não há mais chance para nada,
hoje caminhamos na contramão.
Não há razão para inquirirmos
sobre uma possível reconciliação,
para que sucumbir,
afinal, já nos enganamos
como também já sofremos demais.
Vamos deixar como está,
vamos continuar a nos banhar
com a fragrância
das boas reminiscências,
ainda que vivamos nos braços
de uma interminável solidão.
Para que provocarmos novas lágrimas,
se as últimas ainda não secaram?
Para que abraçarmos nossos corpos
novamente,
se entre nós haverá sempre a supremacia
do inexistente?
Se cedermos aos apelos
de nossos corações com promessas
de novas ilusões,
o futuro será insustentável, e,
se formos julgados e condenados,
a história será implacável,
para nós não haverá perdão.
Vamos nos agasalhar com o
tempo de outrora quando existia
um realismo mágico,
quando adormecidos
nos encantos da felicidade,
julgávamos real a nossa fidelidade.
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