_SINGRA E SANGRA_
Mirando dolente o mar de dia
Olhar vasculha o mar de noite
Tanto azul, beleza e harmonia
Seu negror é como um açoite
As águas o Sol incendeia
Tantos desejos incontidos
As ondas a Lua prateia
Refletem sonhos perdidos
Almas-astros desencontrados
Em rotas e tempos diversos
Ambos n'água mergulhados
E nas entrelinhas dos versos
Indiferentes marés se alternam
A praia tão longe, tão perto
Luminescências que se mesclam
Amor e dor no peito aberto
Lanço meus versos ao vento
Que assim os leva ao alto-mar
E lá se vão meus desalentos
Em longínguas vagas a vagar
Singra e sangra o coração
Solidões do Sol e da Lua
Unidas por invisível cordão
E a vida avança e recua...
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