JARDINEIRO DOS ABRANDAMENTOS

Ontem

Minha vida era um jardim deserto

e álgido vento ressecava

as folhas verdes da minha esperança...

Ontem, ao tempo aberto

oscilavam ao úmido ar,

as hastes nuas

das flores de minha alegria

e no nada, plantavam-se aéreas,

as raízes de minhas incertezas...

Ontem

Pendiam flácidas, as vagens

nos inertes hastís dos meus ideais

e as débeis sementes de meus sonhos

escorriam pelas margens dos canteiros...

Meras e vágeis bagas:

meus sonhos despontuais,

sem destinos e nem crenças!...

Hoje

Chegaste acendendo o sol às leiras

e a serenidade é-me plenitude!

Hoje,

porque vieste

- Mensageiro do meu abrandamento-

e passaste lado a lado

em minha alma,

os teus passos enterraram

as sementes lassas de meus sonhos soltos,

e onde estão, agora germinam esperanças,

em minh'alma canteiro!

Hoje

Erguem-se em mim,

anímicos bosques florais...

Serpenteiam entre as flores,

Vigorosos, os meus ideais

e voltaram a imperar, em meu íntimo,

as grandes certezas!

Hoje,

quer cantar a minha alma

e falar de alegria!...

Quer poder abraçar e dançar a poesia,

em seu rítmo!...

Quer mais tempo a olhar

o que há de bonito!...

Quer a todos levar o que lhe move a estesia!...

Hoje, Mensageiro,

quer minh'alma levar os lampejos fraternos,

refletir as luminescências das cores primeiras...

evolar os aromas florais das votivas boninas

do jardim em meu íntimo,

ante a primavera, de que és Jardineiro!

Maria Mercedes Paiva

(Eme Paiva)

17.08.06

Maria Mercedes Paiva Paiva
Enviado por Maria Mercedes Paiva Paiva em 23/03/2007
Código do texto: T422695