Amantes da morte (Poema Zumbi)

Sob grunhidos silenciosos

Seguimos nossa sina

Andando por entre o caos

Sem rumo, sem pressa

No odor pútrido da loucura

No horror dessa semi-vida

Vamos juntos, pela estrada

Eu, em minha veste queimada

Você, com seu vestido rasgado

Minha boca, vermelha de sangue

Enquanto a sua, de certa forma

Ainda deixa transparecer

Os lábios que um dia

Já foram tão quentes

Seu corpo, em decomposição

Que ainda guarda a beleza

Das femininas curvas de outrora

Hoje sente o peso da culpa

Por essa fome que não cessa

Por essa maldição infeliz

Por essa insanidade acometida

Sem nem sabermos o porquê

Só sei de uma coisa

Apesar de todos nos verem

Como criaturas sem alma

Sei, que dentro de nós

Existe uma chama

Uma fagulha de vida

E, por isso, vamos

Sem destino, sem norte

Inimigos da vida

Mas amantes da morte

Eder Ferreira
Enviado por Eder Ferreira em 05/04/2013
Código do texto: T4225137
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