Singularidade
No momento que invade e traduz
Todo aquele leque de sentimentos
A insensatez finalmente reluz
A luz dos fomentos.
Devora e declara em alto e bom tom
Todavia mais e mais profundo
Um lindo e singelo som
Que não pode vir ao mundo.
Sorridente expressão de solidez
Inebria e martiriza sem saber
O chão que pisa dessa vez
Faz a melodia aparecer.
Assim, sem querer
De pura inocência aflita
Assim, sem ver
De tanto saber se limita.
E nessa dor sem fim que corrói
Outrem se abre a invasão
De uma melodia que o destrói
Derrete seu coração.
A melodia é conhecida
E também compartilhada
Nobre ilusão dessa vida
Resta toda essa trapalhada.
Com dor e calafrio
Se condensa o desvendar
Lágrimas descendo pelo rio
Faz de conta o olhar.
Se enaltece de tal sina
Enobrece com emoção
Doce ironia que afina
O destino em solidão.