Não te assustes com o meu silêncio
Não te assustes com
o meu silêncio.
Ele é apenas um
momentâneo recolhimento,
um átimo de tempo em
que paro para pensar
somente em ti.
Como hoje, em que
fiquei mergulhada
em mim, saboreando
tuas palavras,
sentido o perfume que deixaste
espalhado pela casa,
degustando o
sabor de teus beijos,
ainda vestígios de tua
última visita.
O céu, pintado de um
azul estonteante,
poucas nuvens, o vento
penetrando nas persianas,
e estas fazendo
sombras dançantes no teto.
(Lembrei que comprei as
persianas antes do nosso
primeiro encontro.)
Hoje elas fizeram penumbras
bailarinas na parede
branca do quarto.
E eu pensava em ti.
O tempo, às vezes, ri
de minhas lembranças,
sobretudo quando elas
desaguam em ti.
E, como disse Bandeira,
“Não te doas do meu silêncio.”