BOLA PINTADA

Houve um tempo em que morrer era fácil

mas nem por isso eu vi a Terra menos azul

Eu deixei em cada pegada além do pântano

- farmacopéias batucráticas, a sombra é o descanso da alma

Quanto mais desvairo a chama

mais a cólera me resume

Quanto maior o drama

mais profunda a síntese chama

Eu conheci a rua e a face erótica da mentira

porque estou na roubada animal de farejar o relógio, aloprado o horizonte

Eu danço com a cigana aonde badala o sino dos deuses

nas pedras que guardam as perguntas feitas ao tempo

quando a razão é incapaz de elucidar o destino

Eu pego a sua mão na tarde que espalha o céu para que exista olhar,

abraçado a você a realidade muda: o caos vira uma bola pintada de verão

No entanto você veio e a conversa com elfos

é mais do que grafitar o muro das lamentações com versos lunáticos

Como fazer é o tom da canção entregue na tua janela

pela minha alma disfarçada de vitral

Aonde chegar, é a náutica de um sonho

que nenhum cosmos decifrou