Poema 0997 - Caminhada
Deixem-me gritar ao vento que passa,
perdi meu jeito, já não consigo me encontrar,
as palavras param no meio da boca,
preciso fazer algo e voltar a sonhar.
Ando sem destino, paro em todas esquinas,
deixo recados nas portas de corações brutos,
todos estão fechados e nenhum sabe de mim,
ninguém reconhece, ninguém tem amor.
Convém não me apaixonar outra vez,
talvez fosse melhor continuar a sorrir,
mas na boca já não tem sabor,
nada será como antes, a não ser aquela mulher.
Preciso de amor para ser amor, não um qualquer,
sinto-me cansado, é uma vida inteira a esperar,
um dia encontrarei uma trilha, uma pista ao menos,
assim poderei voltar a sonhar e dizer que amo.
Minha vida tem pontes sobre os dias,
de tempestades comuns aos apaixonados,
caminho a favor do vento, deste amor que tenho,
até um corpo que possa me querer e abrigar.
22/03/2007