Coração leve
Chorei feito menina arteira
Não pude controlar meu gênio
Minha maneira de ser
Meu comportamento
Segurei minhas pernas,
E elas não me sustentaram
Segurei meu canto sombrio
E ele veio tomar conta de mim
Estava aterrorizada, com medo
Não fui eu quem disse que foi ruim
Foram tantos anos no mesmo vazio
Do qual acabei me acostumando
Viver assim é tão perigoso quanto morrer
Não se tem o sentimento de vai dar certo
Somente o de que vai dar tudo errado
Era dessa maneira que engolia meu coração todo dia
Por parecer só e machucada
Levantar foi um ardor sem fim
Uma fantasia antiga,
Da qual precisava ser real
A gente pode ser o que quiser,
Santo, demônio, animal, famoso, rico, pobre
Que cada arranhão vai continuar lá
Esperando com que o olhe, e o perceba
Fui sendo tão conivente quanto minhas dores,
Pois elas estavam sempre por perto pra me mostrarem,
O quanto maltratarão e o quanto me submeti em senti-las
O passo pro fim dependia de mim
E está ai o que busco até hoje coragem,
Fé, apoio no religião, no amor, na vida, na felicidade
Tudo na tentativa de desviar os olhos do medo, da frustração, do rancor, da agonia, do pavor de tudo que pode continuar a me fazer mal.