Lapso
Quando for possível,
Falar em corrupção sem pensar no Brasil,
curtir o som da moda e não ficar imbecil,
Escrever irmã sem precisar o uso do til,
Não mais se mentir em primeiro de abril;
O lobo conviver pacato dentro do redil,
Lavar as manchas da alma com Bombril,
A Microsoft esquecer totalmente o Bill
A experiência coroar a mente juvenil;
O vigor explodir jovem em corpo senil,
A coragem habitar um hospedeiro vil,
O troglodita expressar-se muito gentil,
Novelas difundirem bons valores a mil.
Então, vai ser;
Tempo de dizer que não mais te quero,
Que vê-la bem distante é o que espero,
Que meu desprezo é profundo, sincero,
o poema de amor pretérito, não é vero;
Que fica bem entre nós a altura do muro,
durmo melhor sozinho, gosto do escuro;
nem tá frio meu inverno isso eu te juro,
e quando te vejo meu coração fica duro...
Mas, por ora te ver ainda atiça meu faro,
largo o que faço, para te ver tudo paro;
teu amor ainda é o diamante mais caro,
seu lapso inda deixa carência de amparo...