É urgente o (de)lírio lívido
É urgente
O (de)lírio lívido implantado
sobre as palmas desabrochadas das tuas mãos de fogo.
É urgente o Mar (é urgente de novo amar)
no desvelo de beijar a pele, véu brocado do corpo.
É urgente o flato, leve…descendente, sopro,
funil, adjacente, quente…
Na forma de ser brisa deslizante, sobre o umbigo do Tempo.
De ser aroma
De ser baba salivada a escorrer da boca ao queixo
No tecer de um só beijo
De ser seiva húmida, coral de espuma
É urgente acontecer
labareda de luz em espelho flama de vaga.
Refractada, bruxuleante, serpenteada,
sobre rosáceos seios abertos, ofertos… em dádiva.
É urgente que floresça da semente, a baga.
Que o Tempo se aquiete em danças felinas de madrugada,
sejam tangos, sejam valsas, sejam batuques, tibetanas flautas…
Tambores ou latas …
Mas seja …
Que por nós e em nós o Tempo não gire, hiberne …
se amanse em madrigais de espera!
Seja Cronos, Deus dormente…
Que a brisa se estanque
e que assim se faça Ode e, dos corpos moldados, jura d'Amor infinda.
Para que, finalmente, aconteça Primavera!
É urgente
O (de)lírio lívido implantado ...