Dança de Luz…

Ablepsia, negrume… A noite treme, geme.

É lúmen labareda acesa …

Borboleteia, vagueia livre, em corais de seda.

A noite...

No sobrevoo Condor,

é açoite. Desumana a dor,

explode

picotada d'absíntias trevas,

no trocar das horas

(gélidas, trémulas, frias),

p'los atómicos segundos…

em fios ininterruptos de horários - calendários.

Dias…

Desprovidos… vazios.

As noites, essas - tal arestas - no toque,

crestam a carne, ingerem o chão…

- redondo, rolado, moído no

continuado desgaste de rotação…

(E assim sendo, do começo ao termo,

o desgaste, se torna eterno…)

Na Terra desnuda a noite se afirma!

Desalenta! Debilita! Consome!...

(Que a cilíndrica noite se matizada,

no palco do Mundo, em forma de Lua.)

Da perpétua treva, a tua voz grita …

Chama o meu nome ...

Solta... Diáfana! Louca... Da noite, boca!

És névoa imprecisa, bruxuleante,

Bruxo, Mago ou Vidente…

Bailas, rodopias em estranhas árias.

Rebolas em melódicas melopeias.

Desenhas no ar paragramas confusos,

ousados bailados obtusos …

Oiço ao longe os sons do chilrear de pássaros,

de harpas

de cordas

de mágicas flautas.

Te acercas …

Na vidência e na sapiência, no sopro...

secreto do meu corpo...

Ilusionista, vindo das trevas …

No matiz trigueiro, és promessa, Mundo inteiro...

(sinto o teu cheiro... a figos passas, a néctar de uvas)...

cheiro escorrido em coralinos pingos chuva!

Uivas!... Fera alada...

Ondulas, sereno, no palco d' Alma,

no meio e no centro

(e no veio, varal do tempo-corpo).

Mágico Louco...

Dança de Luz…

Vidência, efervescência, tecidos

lábios colados.

Corpos

se encantam na alquimia de

fleumáticas danças (de nós crianças).

E se cantam

em intemporais linguagens de animais…

Cochicham recados - declarados - em mil sentidos,

(re)encontrados, de tão perdidos!

Luminosidades, danças finas, felinas,

d'almas vagadas em espíritos d’água!

Os corpos rodopiam e se esgotam

e esgotam-se de feridas e mágoas.

Iluminados...

Em Dança de Luz, Luminescência,

se desfolham, malmequeres em pétalas!

Mel de Carvalho
Enviado por Mel de Carvalho em 21/03/2007
Código do texto: T420577
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