IMERSO NUM SONHO

Saí de um sonho,

Perverso sonho,

Um delírio inacabado;

Um breu horrível,

Um túnel sem saída,

Um desespero farto.

Ainda caído na dor,

Trêmulas todas as mãos,

O juízo extremado,

Avulso o bom senso,

Nulo o bom humor,

A vontade parada.

Imerso no pesadelo,

Esse sonho pavoroso,

Dominado pelo momento,

Esse fio de navalha

Nos cortando a carne,

Dilacerando as entranhas.

Nesse abalo indesejado,

Esse interromper solene,

Um apagar de luzes,

Formando uma escuridão

Tão indevassável e cruel,

Nesse fosso infindo.

2013