EM ALGUM LUGAR DO PASSADO XII
Quando meus olhos se abrem,
ao despertar de manhã,
minha primeira visão
aquece meu coração:
mesmo através do dossel,
vejo teus olhos de mel,
teus lábios cor de maçã...
Todo teu rosto a fitar,
Sou tomada de saudade,
suave melancolia,
meu olhar logo irradia,
lembrando nossos momentos,
presos nos meus pensamentos...
E a solidão me invade...
Me invade a fome de beijos,
reprimida, sufocada...
Sinto o corpo estremecer
ao me lembrar do prazer
quando tu me abraçavas,
ao teu corpo me apertavas
e eu me sentia amada...
Mas com o tempo, o destino
foi te afastando de mim...
Daqueles tempos risonhos,
das sinfonias de sonhos
que dançamos ao luar,
resta hoje, no lugar,
só a saudade, sem fim...
Um pássaro na janela,
num chilreio delicado,
me chama à realidade,
lembrando, com ansiedade,
beijando a fotografia,
que tudo ficou, um dia,
em algum lugar do passado...