AMOR EM REPULSÃO

Lembranças que me arrebatam à saudade,

Dos átimos vividos em profusa deleitação,

Como era bom! Parecia a ditosa felicidade,

Afugentando-me da assaz e nefária solidão.

Saporífero fruto, intento da minha vontade,

Foste ninfa dilúcida para minha ostentação,

Hoje te vejo como a minha última beldade,

Que fêz morada em meu já amaro coração.

Altaneiro é o amor quando na simplicidade,

Argúi-se por nução sua celsa consagração,

Ao avesso, fui vítima da tua insensibilidade.

Quando a mim afirmaste sob dissimulação

Que eras dona da mais angelical castidade,

Aos teus engodos, minha convicta repulsão.

Rivadávia Leite
Enviado por Rivadávia Leite em 21/03/2007
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